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IAA - Conheça nossos bolsistas: Wilson Francisco

Wilson Francisco (Moçambique, Turma 7) é estudante do último ano de Ciências Biológicas na Universidade Estadual Paulista (UNESP) e vem utilizando sua trajetória acadêmica no Brasil como ponte para transformar a realidade educacional de jovens em Moçambique, seu país natal.


Sua jornada com a Iniciativa Ashinaga África (IAA) no Brasil começou em 2021, com uma intensa preparação para o vestibular. Dedicado, Wilson enfrentou uma rotina puxada de estudos em várias disciplinas. Mesmo diante das dificuldades, ele destaca os vínculos criados no processo: "Conheci pessoas incríveis que compartilhavam o mesmo sonho de ingressar na universidade, e essa troca de experiências tornou o processo mais leve e motivador."


O início na universidade trouxe novos desafios. Wilson conta que, em alguns momentos, se sentia deslocado, especialmente quando as discussões envolviam conceitos que ainda não dominava. Com o tempo, e graças ao apoio de grupos de estudo e das conexões que construiu com a comunidade local, ele conseguiu se adaptar, reconhecendo essa participação como fundamental para superar essa fase.


Durante a graduação, Wilson retornou a Moçambique por mais de uma vez. O primeiro estágio realizado através da IAA foi na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), uma das instituições de ensino superior mais prestigiadas do país, com uma vasta gama de cursos e centros de pesquisa em diversas áreas do conhecimento. No estágio, Wilson teve a oportunidade de trabalhar no laboratório aquático de ciências biológicas, onde pôde explorar e desenvolver pesquisas sobre a fauna e flora aquática local, contribuindo para o entendimento dos ecossistemas e das questões ambientais da região. Esse ambiente acadêmico propiciou uma rica troca de experiências e aprendizado, além de reforçar a importância da pesquisa científica no contexto moçambicano. Leia mais sobre o estágio do bolsista na UEM clicando aqui.


Um dos projetos mais interessantes em que participei envolveu a investigação da presença de cianobactérias em diferentes corpos d'água, analisando suas características e o impacto na qualidade da água. Sinto-me mais preparado para enfrentar os desafios da área, especialmente no que diz respeito à conservação ambiental e ao desenvolvimento sustentável.

Mais recentemente, o bolsista retornou a seu país de origem para o estágio na Associação Moçambicana para o Desenvolvimento da Família (AMODEFA), organização que presta serviços comunitários sobre planejamento familiar e saúde reprodutiva. Neste período, Wilson teve uma impressão muito positiva da organização, que atua exatamente nas áreas em que ele gostaria de contribuir: educação sexual, inclusão social e melhoria das condições de vida de jovens e famílias. Para ele, essa atuação tem impacto direto não apenas na saúde, mas também na estabilidade financeira das famílias, ao promover um planejamento familiar mais consciente.


Como estudante de Ciências Biológicas com foco em licenciatura, ele destaca que a experiência tem sido essencial para perder o medo de lecionar e se sentir mais confiante no contato com adolescentes. Além disso, o estágio tem ampliado seus conhecimentos em temas como saúde sexual e reprodutiva, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e igualdade de gênero — tópicos já abordados na graduação, mas agora vivenciados de forma prática. Wilson também enfatiza a importância de entender as particularidades biológicas e sociais que afetam as mulheres, como a menstruação e outras questões específicas do corpo feminino: "Aprender a lidar com essas realidades foi fundamental para minha formação como profissional e educador comprometido com a inclusão e a saúde comunitária."


Inspirado pelo significado de kokorozashi (em tradução livre, "desejo do coração"), Wilson Francisco tem desenvolvido uma iniciativa de mentoria voltado a jovens moçambicanos de baixa renda. A ideia surge diante das altas taxas de analfabetismo em Moçambique, que atinge fortemente a população feminina do país, com números ainda mais críticos nas zonas rurais. O projeto, inicialmente remoto, usará plataformas digitais para conectar mentores e participantes selecionados com base em critérios socioeconômicos, objetivos pessoais e desempenho escolar.

Os resultados esperados incluem um impacto social positivo, mesmo que inicial e modesto, com a redução do número de jovens em situações vulneráveis, como o subemprego e o alcoolismo. A proposta se concentra principalmente em jovens de 14 a 22 anos, visando aumentar a taxa de alfabetização e proporcionar um futuro mais promissor para este público. Busco transformar vidas através da educação, oferecendo uma rede de apoio e orientação que possa mudar o destino da população jovem do meu país, contribuindo para um futuro mais esperançoso e inclusivo.

A trajetória de Wilson é um exemplo de como a educação pode ultrapassar fronteiras e semear transformação onde há urgência por mudanças. Seu kokorozashi não se limita aos próprios sonhos, mas se estende a tantos outros jovens que, como ele, acreditam na força do conhecimento como caminho para um futuro melhor.


Leia mais sobre nossos bolsistas clicando aqui.



 
 
 

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